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Roseane Mendes Bernartt

O excesso de telas mudou a maneira de aprender?

É comum vermos crianças pequenas e mesmo bebês utilizando celulares e tablets para distração e entretenimento como se fossem brinquedos. Um hábito que passou a fazer parte da vida de muitas crianças, ocupando um importante tempo nas suas rotinas, substituindo atividades saudáveis e necessárias a esse período de desenvolvimento.


O poder encantador das tecnologias abre um mundo de possibilidades, que certamente levará a criança a querer explorar e interagir cada vez mais. Um uso que tende a ser ampliado e fortalecido com o passar do tempo, chegando a uma predominância problemática na vida de muitos adolescentes.


Como o cérebro encontra-se em pleno desenvolvimento até o final da adolescência, o sistema neurológico em construção passa a funcionar em resposta aos estímulos sensoriais que recebe, que no caso do ambiente computacional, é artificialmente construído e com objetivos específicos. Então, temos uma grande parcela de crianças e jovens consumindo informações no formato digital, que é predominantemente visual, e conta com ícones, imagens e animações que promovem um raciocínio não-linear e uma dispersão atencional, que definem uma forma diferente de aprendizagem e raciocínio. 


Assim, esses estudantes estão acostumados a assimilar uma maior quantidade de informações de forma mais ágil, porém, mais superficial e menos analítica. Ou seja, a alta velocidade de processamento imposta pelas telas poderá interferir na capacidade de uma leitura mais profunda e crítica, que requer inferências, deduções e conexões com conhecimentos prévios. Do mesmo modo, a capacidade de concentração é prejudicada pelo grande fluxo de informações visuais decorrentes do uso de hipertextos e hyperlinks, muito utilizados na leitura em tela. Impactos para a memória a longo prazo também podem ser relacionados ao grande volume de informações e pouca apreensão dos conteúdos, associado às buscas recorrentes na internet, que estimulam o uso da memória transitória e fazem dessa tecnologia uma espécie de memória externa, disponível em um “clique”.  


Diante disso, as escolas hoje tem o grande desafio de ensinar e promover aprendizagens para crianças acostumados com o ritmo das mídias. Um ritmo contrário ao que é exigido para aprendizagens significativas, onde é necessário um tempo para assimilação, reflexão e análise das informações.


excesso de telas


Leituras recomendadas:


BERNARTT, R.M. Educação em tempos de pandemia, implicações do ensino on-line. Cadernos de Pesquisa: Pensamento Educacional, v.17 n.45, 2022.  


CHAVES, G.R.G. Leitura, aprendizagem e novas tecnologias: alguns desafios. Leituras Transdisciplinares de Telas e Textos, Belo Horizonte, v.1, n.2, p.43-49, 2005.


WOLF, M. O cérebro no mundo digital: os efeitos da leitura na nossa era. São Paulo: Contexto,2019

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